Ela passa a mão nas orelhas aveludadas do pastor alemão. Eu observo tudo. A mãozinha com medo, o sorriso de prazer.
“Ele tá sorrindo pra mim”
“Tá mesmo. Você gosta dele?”
“Gosto, ele é macio”
“É sim. Passa a mãe na barriguinha. Ele adora. Não precisa ter medo”
“Queria conversar com ele, mas ele não fala nada”
E, olhando pra ele:
“Porque você não fala comigo, Jimis?”
O nome dele é Jimi, mas na cabeça dela Jimis é mais bonito.
“Fala comigo…” Depois olhando pra mim: “Porque ele não fala nada?”
“Quantos anos você tem?”
E, contando os dedos, mostra que tem quatro.
“Então. Ele é bebê ainda. Você tem quatro, ele tem um e meio”
Ela não deve ter entendido a parte do meio, eu explico:
“Sabe a Alice, a sua irmãzinha? Ele tem a mesma idade dela. Ela não é bebê? Ele também. Por isso ele não fala. O que você queria conversar com ele?”
Apertando as bochechas peludas, responde:
“Queria dizer que ele parece um palhacinho”