Cena 1
Monet, 11h30. Não-casperianos, não se assustem! Isso daqui não é um tratado sobre artes plásticas. Monet é só o nome do restaurante da faculdade. Eles vendem comida radioativa. Pra se ter uma idéia, é mais saudável e inteligente comer no McDonalds ou no tio do yakissoba.
“Hummm… esse bolo tá com uma cara boa… olha essa calda…”, e isso ela falou certa de si para sua amiga-da-onça. Nem pra avisar que aquele bolo era da semana passada.
*
Cena 2
Entrevista de estágio. Um jornal de distribuição gratuita com circulação de 35 mil exemplares. A redação fica em Osasco. Pois é. Eu sei. O deitor começa a falar.
“Então, você não é evangélica, né? Porque não dá pra trabalhar com evangélicos…”
“Errr, não…”
“E, assim, politicamente falando, o que você acha do Lula?”
“Acho que isso não faz diferença. Procuro ser imparcial na hora de escrever uma matéria…”
Só falta ele perguntar em quem eu votei, só falta ele perguntar em quem eu votei.
“Em quem você votou?”
“Acredito que o bom jornalismo não revela as preferências eleitorais do jornalista”, isso eu falei certa de que a vaga não seria minha.
*
Cena 3
Ponto de ônibus. Uma menina chorando desesperadamente gritando com alguém no celular. Dois segundos ouvindo a conversa e percebi que esse alguém era seu namorando. Ou melhor, ex-namorado.
“Você nunca me deu atenção, nunca disse que gostava de mim. Se prepara, vou acabar com seu carro. E nem adianta chamar a polícia, porque eu vou fazer um escândalo. Vou tacar muita pedra”, e mais blá blá blá.
*
Poderia ser Salvador Dalí, mas são só algumas pílulas do meu dia. Sim, isso tudo em vinte e quatro horas.