Lá na vizinhança é assim.
Cadeiras nas calçadas completam as tardes quentes com conversas sobre a vida de um e de outro. Qualquer um que passe com uma sacolinha do mercadinho ou da papelaria pára e diz, pelo menos, um oi.
Nas manhãs, velhinhos caminham, em casal ou em gangue. Os carros lá ainda são minoria e o caminho é quase sempre plano, o que facilita os exercícios para osteoporose e para alegria.
Famílias inteiras pedalam, enquanto outras pesseiam com seus cães nos finais de semana. A maior parte das casas conta com cachorros de raças grandes nos quintais.
No Carnaval, uma das ruas principais é fechada. As crianças vestem então suas fantasias e pulam ao ritmo de “foi a camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu”. Um tapete de serpentina e confete.
Há quarenta anos, minha avó criava patos no quintal dos fundos. Há quinze, minha tia mantia um galinheiro. Hoje a dona Chiquita vende ovos frescos, a 4 reais a dúzia. Afinal, é no supermercado que as pessoas compram as aves – já prontas para o preparo.
Árvores frutíferas estão presentes na maior parte das casas. A Alzira, mulher do Paulo, nos presenteia com pencas de bananas, chuchus fresquinhos, abacates e mangas. Nós também fazemos nossa parte: na casa dela nunca falta acerola, nem carambola.
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