Ao embalo de #3

Vou
Vou pregar na parede
Um pedaço de céu
Que você me mandou

Vou buscar outra constelação
Entre a noite que vai
E o dia que vem

Eu canto aqui
Eu olho daqui
Eu ando aqui
Eu vivo

Canto aqui
Eu grito aqui
Eu sonho aqui
Eu morro…
(morro)

Vou
Vou riscar no meu braço
Um pedaço de mar
Que você me deixou

E criar outra recordação
Do primeiro lugar
Que acordei pra te ver

Eu canto aqui
Eu olho daqui
Eu ando aqui
Eu vivo

Canto aqui
Eu grito aqui
Eu sonho aqui
Eu morro…
(morro)

Aqui (ou Memórias do Cárcere), do Cordel do Fogo Encantado

Ao embalo de… #2

tranco-me num quarto minguante
alegre mas com lágrimas nos olhos
dou-lhe de presente um piolho
e a memória de meu corpo ausente
há festa, minha festa no escuro
nenhuma fresta de luz no muro
lá fora é meia noite
por dentro sou noite inteira
aplico-me um belo açoite
estou nua, estou cheia (é lua)
nenhuma visão de presente
profeta do passado, eu juro
tranco-me num quarto crescente
proveta do futuro e duro
jogo o terço do quarto no quintal
faço dessa alma um quartel
saio fora do real
e rasgo seus escudos de papel
pois é chegada a hora de pular da alcova
da cova e sapatear no campo minado
munido de vida nova
lá fora é meia noite
por dentro sou noite inteira
aplico-me um belo açoite
estou nua, estou cheia

(Alunissado, de KAH-HUM-KAH)

Ao embalo de… #1

 

De terra, água e sal
O mal, um querubim

Vem como quem sabe a hora de vir
Banha meu corpo
Demora a sair

Me encobre e me revela
Nesse jogo deixa-me embolar
Faz um arco em aquarela
De todas as cores que encontrar

Salgado o coração
Transborda absolvição

Ai, faz-me mais
Sou capaz de afogar
Ah, esse mar não parece acabar

Me encobre e me revela
Nesse jogo deixa-me embolar
Faz um arco em aquarela
De todas as cores que encontrar

E quando for pra ir
Tu vai sem me pedir

(Terra, água e sal, de Mula Manca & a Fabulosa Figura)