Ao embalo de… #1

 

De terra, água e sal
O mal, um querubim

Vem como quem sabe a hora de vir
Banha meu corpo
Demora a sair

Me encobre e me revela
Nesse jogo deixa-me embolar
Faz um arco em aquarela
De todas as cores que encontrar

Salgado o coração
Transborda absolvição

Ai, faz-me mais
Sou capaz de afogar
Ah, esse mar não parece acabar

Me encobre e me revela
Nesse jogo deixa-me embolar
Faz um arco em aquarela
De todas as cores que encontrar

E quando for pra ir
Tu vai sem me pedir

(Terra, água e sal, de Mula Manca & a Fabulosa Figura)

São Paulo

augusta.jpg

eu não sou da sua rua
“Eu não sou da sua rua,
Não sou o seu vizinho.
Eu moro muito longe, sozinho.
Estou aqui de passagem.

Eu não sou da sua rua,
Eu não falo a sua língua,
Minha vida é diferente da sua.
Estou aqui de passagem.
Esse mundo não é
Meu, esse mundo não é seu”

***

É sempre assim, no fim.

 eu não  eu não sou da sua rua

Minha vida publicada

Foi durante o velório do avô de uma amiga que eu pela primeira vez me preocupei com a existência desse blog. Viraram pra mim e perguntaram, do nada:

“Marília, me explica uma coisa? O que significa o título verbou-se onomatopéia?”

Tirei de letra, deixei passar.

A segunda vez começou há mais ou menos um mês. Vira e mexe, alguém chega aqui procurando por “Marília Scriboni” no santo Google.

Às vezes, me pergunto se devo manter o Onomatopéia  ou não. Daí me lembro do que dizia uma professora de Novas Tecnologias:

“Quem mantém um blog, classe, é porque quer ser lido”.

Mas que dá um medinho, ah!, isso dá.

Ioiô

A lembrança mais remota que tenho da minha presença no mundo está ligada também a primeira vez que me senti realmente sozinha. Foi em uma noite de sábado seca e quente que eu me dei por gente, em mais um daqueles momentos onde a dor vem acompanhada por uma consciência espinhosa e fria.

A pizzaria ficava a um quarteirão de casa e minha mãe havia provavelmente pedido uma “meia frango com catupiry, meia quatro queijos”, como de costume. Eu devia ter então uns quatro anos de idade. A única coisa que me lembro com exatidão é do momento que eu e minha curiosidade infantil nos dispersamos por entre pernas com canelas finas à mostra – dada minha altura, a perspectiva da cena que me vem à cabeça é exclusivamente essa -, abandonando, dessa forma, o patriarca da família. Todas aquelas pernas desconhecidas, um andar arrastado e alheio. O inesperado, o medo, a aflição de não voltar para casa.

Os sentimentos da infância ficam em um ir-e-vir quando crescemos.