Crescer dói

Lembrando aqui de quando o Leirão pede que a Alice cresça com mais comedimento.

— Gostaria que você não me espremesse tanto — reclamou o Leirão, que estava sentado junto dela. — Mal posso respirar.

— Não posso fazer nada — informou Alice pacientemente. — Estou crescendo.

— Não tem direito. Isso aqui não é lugar pra você crescer — protestou o Leirão.

— Não diga asneiras — disse Alice com mais ousadia. — Você sabe que está crescendo também.

— Sim, mas cresço dentro de um ritmo razoável — disse o Leirão — e não dessa maneira ridícula.

Há tempos não doía tanto. Um final de semana em, sei lá, três anos?

Com um T bem grande

O maestro Agenor é de Poços de Caldas, Minas Gerais. Quando rege a Orquestra Sinfônica da cidade, qualquer um nota o empenho e a vontade, mas, sobretudo, a paixão.

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Tive a oportunidade de passar por, digamos, quatro cursos superiores: concluí o de Jornalismo, fui três dias no de Letras, dois no de Ciências Econômicas e estou há pouco menos de dois semestres no de Direito.

O que mais eu gostava em Jornalismo é que quem estava lá estava por amor – o dinheiro nem de longe compensa, o trabalho é duro, a profissão traz menos glamour do que se imagina por aí. Era amor puro, paixão, tesão em falar com a fonte, levar cinco nãos, escrever um texto que será cortado pela metade. Não vejo muito isso no Direito e sinto falta.

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Um amigo sempre me diz que a melhor coisa é acordar numa segunda-feira e pensar “nossa, vou trabalhar no que amo, que gostoso!”.

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O que leva uma pessoa a abandonar o que ama, o que faz feliz, o que preenche? Pelo menos pra mim, a paixão, poucas vezes, foi o caminho mais fácil a ser cumprido.