Era debaixo de uma árvore de flores amarelas que eu gastava os intervalos entre as aulas. Sentadas na grama, eu e mais duas ou três amigas mirávamos o pátio em frente, os alunos, os casaizinhos que iam se formando e se desfazendo com o transcorrer das semanas. Nos invernos, também íamos até lá, mas em busca de sol. Do outro lado, a cena de sempre: gargalhadas boas, All Star’s desfilando coloridos, cabelos mal alisados, pulseiras chacoalhando aos montes. Na primavera, contávamos ainda com a brisa gostosa, com o sol das 16 horas que abraçava aconchegante as tardes estendidas para a fofoca de todo dia. E o pátio sempre com os mesmos grupos, as mesmas histórias de bebedeiras, de cigarros fumados às escondidas, de escapulidas no meio da tarde pra festinha na casa de alguém do alguém do alguém. Quando a sombra bondosa em pleno verão apontava o final do ano, surgia a nostalgia pelo futuro, o medo de não fazer mais parte, as promessas de vou-ficar-aqui-por-você-pra-sempre.
Quase seis anos depois, poucos ficaram.
Ainda assim, quero aprender a deixar quem quiser ir embora ir embora mesmo.
Ensina?